De vez em quando

Às vezes se fala tudo,
às vezes não.
Há vezes em que se fala em vão.

Engano

Alimentando-se ao tempo
De palavras vagas, verdadeiras
Algo cresce desvairadamente, desrespeita a racionalidade

Crê-se no momento
Na beleza do inconstante
Um acaso, próximo, tão certo
Onde as posturas se firmam
Na cultura do nosso desconhecimento

Key

"Geralmente, a chave é feita de forma a se casar de forma única com uma determinada fechadura, liberando os mecanismos que mantém a trava bloqueada, e permitindo o seu acionamento."

Metaforizaria se não fosse tão complexa
uma chave:

para uma fechadura
para um cadeado
para um segredo

Em vão passaria se não a estivesse perto
Sem uma chave o nada é o tão certo.

Sonho

O tempo, controverso.
Me coloca, expõe, me tira.

Mentira.

Preterito

Por preferir a si e a preferir ao só
Perdeu para o tempo
Te levou um afeto e uma despedida

Ainda assim persiste em preterir
Prefere preferir a si.

O mundo não parou de girar só porque eu parei de escrever.
Me manter sem dizer nada, absolutamente nada, não impõe nem expõe minhas condições atuais.
Estou triste, estou feliz? Entenda como quiser, não importa.

Qualquer sussuro no silêncio é barulho, portanto.
O mundo gira, o dia passa, a gente muda, não muda. (?)

Calo

E no momento em que apanho, me calo
e no momento em que bato, me calo
e quanto mais apanho e mais bato, mais calo.

Trinta e quatro e meio

Na minha estória de princesa
Sapatinho não tem vez
Pebleia não vira rainha
Sapo beijado não vira príncipe
Camponês não vira rei

Na minha estória de princesa
Sapatinho não é de cristal
A lua nasce, da-se nó
O tempo é tempo, passa logo
Desata tudo, morre só

Sapatinho, não!
Não é de cristal
O tênis, a (há) bota, o sapato
Na estória da minha princesa
É principe que vira sapo